23 julho 2007

Leitão de Barros, "Nau Portugal" (1940)





Não podemos saber rigorosamente como era a caravela henriquina e por isso declinei o convite que me fizeram para reconstituir, em Lisboa, uma «rigorosa». Ninguém sabe. Todavia, o que se afirma comummente é que devemos desconfiar dos desenhos antigos porque neles se exagerava muito a guinda e o tosamento dos barcos, ou sejam a altura das velas e a curvatura dos cascos.

Por isso um meu amigo, entendido técnico, procurava demonstrar-me a injusteza de certo modelo de caravela, exibido na Exposição de Belém em 1940, de grosso casco e pequenas velas. Mas ao sairmos do pavilhão onde estava o modelo os meus olhos deslumbrados viram correr, sobre as águas agitadas do Tejo, com vento muito fresco, a vela esguia duma canoa que demandava a barra. Apontei-a ao meu amigo. Era a ressurreição da caravela desenhada na carta! As razões que ele me deu para me provar que a caravela não podia ser assim, têm um adjectivo que eu acho delicioso; eram perfunctórias.

Jaime Martins Barata, "Os Navios do Infante e os Barcos da Costa de Portugal", Diário de Notícias, 29 de Agosto de 1960




A Exposição do Mundo Português vista pela família Tavares

21 comentários:

Lis disse...

«Toda a Historia é história contemporânea.»

Benedetto Croce

Michel Host: «l’histoire n’est que fiction et roman»

Um xi

Anónimo disse...

Obrigado por teres posto isso no youtube, nunca tinha visto.
J.

Pedro disse...

A Nau Portugal esteve durante anos meia afundada no Mar da Palha. Era um local de passeio e de brincadeiras com abordagens e almoçaradas. Mais acima estava também o Hortense, ou seria o Gazela, bacalhoeiros gémeos. Um deles foi para os USA e de vez em quando vem cá visitar-nos... o outro ardeu (houve apenas quem aproveitasse a roda de leme). Á frente do Alfeite estava também a Nau D Fernando agora recuperada (?). Havia também uns ferry, desactivados com a abertura da ponte sobre o Tejo,fundeados fora do canal e com um enorme convés sempre vazio. Grandes passeatas.

Frioleiras disse...

nteressantes, estes teus "achados"...

Anónimo disse...

Engraçado esse texto do jornal em que se diz:"Faz-nos falta um museu constituído por exemplares reais dos nossos barcos tão variados, abrigados em telheiros (o barco sufoca entre paredes) onde a forma total das querenas, insuspeitada por muitos, pudesse ser admirada como as estatuas antigas. O seu custo seria irrisório e o seu valor, como propaganda portuguesa, como interesse turístico e cultural, seria no futuro de grandeza imprevisível agora. Artistas novos, de preferencia escultores, deveriam estudar e ordenar as peças..."

Anónimo disse...

.
também me encanta o adjectivo.
.
eram perfunctórias.
.

Art&Tal disse...

..............eia

a familia barros

Anónimo disse...

caro pmbc
Sem ter a certeza absoluta mas diria que o que esteve afundado no mar da palha foi a fragata D.Fernando II e Glória que no início dos anos sessenta sofreu um incêndio que a deixou semi-submersa, no Mar da Palha.
Z.C.

Pedro disse...

A nau D Fernando e Glória estava afundada/encalhada mais ou menos à frente do Alfeite. Lembro-me do incêndio, em 1961, que me levaram ao Terreiro do Paço para ver. A nau Portugal bastante mais a Nascente, do outro lado do canal do Barreiro. O Hortense muito mais acima, talvez no Montijo ou Alcochete.

Bandida disse...

ao leme... em frente... sempre.

ensinas-me tanta coisa!



beijo BB


B.
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Anónimo disse...

Parece que o pessoal se organizou no País ilógico. Com diplomacia fácil e alguma dose ironia se contornam as víboras aflitas, poucos se apercebem da nova máquina que se cria. Poucos são os que merecem saber. Caro Delay, até ao fogo de artifício.

Diogo.

Anónimo disse...

1940, a guerra na Europa, e o Estado Novo a dar uma imagem de estabilidade com a Exposição do Mundo Português...
estranho mas a valer a pena relembrar.
I.

intruso disse...

naus e caravelas
...

uma nau chamada Portugal
(não deixa de ser uma boa metáfora)
[assustador, o tombo]

intruso disse...

uma preciosidade; as fotografias da exposição.
[coisas muitas feias,
outras muito interessantes...]


...e uma família feliz
(risos)

Anónimo disse...

Um realizador português, uma nau portuguesa, uma familia portuguesa...por aqui se vai navegando...
quemsabequemtués.

Anónimo disse...

Passei hoje pela Gulbenkian e...esquece.
Por falar em familias, os Pais da Catarina, vão bem? Adoro comida regional, Porco Preto, manipulado, tostado.

Diogo.

Anónimo disse...

Aviso-te que isto aqueceu repentinamente... Parece que a Loja do Mestre André foi trespassada, por escrito, afinal?! quem come quem?!

Para ti:
http://www.youtube.com/watch?v=GIAovZvvjzY

Adeus Palhaço!

Diogo.

Anónimo disse...

Olá Mer

Grande confusão que te estão a arranjar por aqui.
Faz ouvidos de MER...cador e dá-nos posts.


quemsabequem tués

Anónimo disse...

João, nem sabes em que filme te estás a meter.

João Cabral disse...

Para informação:
Site de Martins barata em
www.martinsbarata.org

Rui Amaro disse...

Caros
A NAU PORTUGAL depois de ter estado abandonada no Mar da Palha (Tejo) foi adquirida pela Companhia Colonial de Navegação e foi reconvertida num grande batelão, que rebaptizado de NAZARÉ servia o tráfego costeiro nacional, particularmente entre Lisboa e Porto, conduzida pelos rebocadores do seu armador OCEANIA ou NAUTICUS.
Saudações maritimo-entusiasticas
Rui Amaro (blogues NAVIOS Á VISTA e PILOTO PRÁTICO).