23 maio 2006

Trajes de Praia

Anónimo, "Trajes de Praia"

19 maio 2006

After Holbein

"After Hans Holbein", 1993, Jasper Johns

17 maio 2006

Dança Macabra

O Cemitério

O Louco

A Criança

O Ladrão

A Rainha

O Papa

"A dança da Morte" (Danse macabre) é um livro que contém gravuras de Hans Holbein "o jovem" e que, inicialmente, foi publicado em Lyons em 1538.
"Lembra-te de que morrerás". O livro exibe várias pessoas, humildes e nobres, pobres e ricos, crianças, jovens e velhos, laicos e eclesiásticos, todos a serem tocados pela morte. Um imenso desfile da condição mortal do homem.
Vejam também, entre outras galerias, a do Alfabeto da Morte, parte integrante do Livro da Morte.



Leite negro da madrugada nós o bebemos de noite
nós o bebemos ao meio-dia e de manhã nós o bebemos de noite
nós o bebemos bebemos
cavamos um túmulo nos ares lá não se jaz apertado
Um homem mora na casa bole com cobras escreve
escreve para a Alemanha quando escurece teu cabelo de ouro Margarete
escreve e se planta diante da casa e as estrelas faíscam ele assobia para os seus mastins
assobia para os seus judeus manda cavar um túmulo na terra
ordena-nos agora toquem para dançar

Leite negro da madrugada nós te bebemos de noite
nós te bebemos de manhã e ao meio-dia nós te bebemos de noite
nós bebemos bebemos
Um homem mora na casa bole com cobras escreve
escreve para a Alemanha quando escurece teu cabelo de ouro Margarete
Teu cabelo de cinzas Sulamita cavamos um túmulo nos ares lá não se jaz apertado
Ele brada cravem mais fundo na terra vocês aí cantem e toquem
agarra a arma na cinta brande-a seus olhos são azuis
cravem mais fundo as enxadas vocês aí continuem tocando para dançar

Leite negro da madrugada nós te bebemos de noite
nós te bebemos ao meio-dia e de manhã nós te bebemos de noite
nós bebemos bebemos
um homem mora na casa teu cabelo de ouro Margarete
teu cabelo de cinzas Sulamita ele bole com cobras
Ele brada toquem a morte mais doce a morte é um dos mestres da Alemanha
ele brada toquem mais fundo os violinos aí vocês sobem como fumaça no ar
aí vocês têm um túmulo nas nuvens lá não se jaz apertado

Leite negro da madrugada nós te bebemos de noite
nós te bebemos ao meio-dia a morte é um dos mestres da Alemanha
nós te bebemos de noite e de manhã nós bebemos bebemos
a morte é um dos mestres da Alemanha seu olho é azul
acerta-te com uma bala de chumbo acerta-te em cheio
um homem mora na casa teu cabelo de ouro Margarete
ele atiça seus mastins sobre nós e sonha a morte é um dos mestres da Alemanha
teu cabelo de ouro Margarete
teu cabelo de cinzas Sulamita

Paul Celan
“Fuga da Morte”:
(tradução de Modesto Carone)

15 maio 2006

Hans Holbein, o Jovem

Hans Holbein, "o Jovem", Auto retrato, 1542-3

Hans Holbein, "o Jovem" (Augsburgo, 1497/98 - Londres, 1543), de origem alemã, iniciou a sua formação artística em Ausburgo, no atelier de seu pai, Hans Holbein ("o Velho").

Em 1515, partiu para a Suíça com o irmão, Ambrosius, instalando-se em Basileia.
Decorre, de 1 de Abril a 2 de Julho de 2006, no Museu de Arte de Basileia (Kunstmuseum Basel), uma exposição centrada na obras de Holbein criadas nessa cidade entre 1515 e 1532.

Hans Holbein, "o Jovem", O Cristo morto, 1521

Com base nas reacções do escritor russo Fiodor Mikhailovich Dostoievsky diante do quadro O Cristo Morto, descritas pela sua segunda mulher, Ana Snítkina, em dados biográficos e na análise do entusiasmo com que o príncipe Míschkin, personagem principal do romance O Idiota, demonstra pelo quadro, bem como na descrição que Dostoievski fez dessa obra, houve quem propusesse a ocorrência do "síndrome de Stendhal" no escritor - denominação que homenageia o escritor francês, que nos seus cadernos de viagens, datados de 1817, descrevera um particular momento durante uma viagem a Itália, depois da sua visita à Igreja de Santa Croce:

"A ideia de estar em Florença e a proximidade dos grandes homens de quem tinha visto os túmulos já me tinham posto numa espécie de extâse. Ali, absorvido na contemplação da beleza sublime¸ aproximei-me dela e como que a toquei. Atingi esse estado de emoção que permite as sensações celestes¸ essas que só as belas-artes e os sentimentos apaixonados podem dar. Ao sair da catedral¸ o coração batia-me com muita força e senti-me esvair¸ tive medo de cair no chão. Tive de me sentar num dos bancos da Praça (...) Precisava da voz de um amigo que partilhasse a minha emoção".

Hans Holbein, "o Jovem", Erasmo, 1523


Hans Holbein, "o Jovem", Os Embaixadores, 1533: o crâneo, em anamorfose, junto aos pés dos embaixadores

Quando o conflito religioso associado à Reforma assumiu dimensões alarmantes na Suíça, Erasmo terá dito : “Aqui as artes têm frio”, incitando Holbein a exilar-se.

Hans Holbein, "o Jovem", Henrique VIII, 1536

Assim, em 1536, Holbein, partiu para Inglaterra com uma carta de recomendação passada por Erasmo de Roterdão a Sir Thomas More, tornando-se -se o pintor de Henrique VIII. Será o retratista oficial da corte de Inglaterra. Esse é o tema de uma outra exposição na Tate Britain de Londres a partir de 28 Setembro de 2006 onde se poderão ver os anos ingleses de Holbein. Esta exposição é feita em colaboração com a de Basileia.

Hans Holbein, "o Jovem", Vanitas, 1543

10 maio 2006

"Não é preciso poupar água"


Fotografia de "Diafragma"

Depois de uma troca de emails com o Diafragma e mesmo sem ter tempo para desenvolver o assunto, fica aqui a informação que me foi prestada:

Então não é que ouvi hoje na TSF um presidente qq das águas e mais um membro do governo (ia no carro e não percebi quem) a insistirem que este ano não ia haver seca, e que portanto (cito) "... NÃO HAVIA NECESSIDADE DE TOMAR MEDIDAS DE POUPANÇA" até porque (volto a citar) "... SE NECESSÁRIO ATÉ TEMOS RESERVAS QUE CHEGUEM PARA 2007" !!!Isto é absolutamente espantoso!! Em vez de tomarmos TODAS as medidas possíveis para evitar gastos do bem mais precioso, vêm aqueles dois com este discurso!
Quem ouviu hoje a TSF?

06 maio 2006

Cem anos de Samuel Beckett



ESTRAGON – [...] Vamos embora.
VLADIMIR – Não podemos.
ESTRAGON – Porquê?
VLADIMIR – Estamos à espera do Godot.
ESTRAGON – (Sem esperança) Ah, pois é. (Pausa) Tens a certeza que era aqui?
VLADIMIR – O quê?
ESTRAGON – Que tínhamos de esperar?
VLADIMIR – Ele disse ao pé da árvore. (Olham para a árvore.) Estás a ver outra?
ESTRAGON – Que árvore é que é?
VLADIMIR – Não sei. Um salgueiro chorão. [...]
ESTRAGON – Ele já cá devia estar.
VLADIMIR – Ele não deu a certeza que vinha.
ESTRAGON – E se não vier?
VLADIMIR – Voltamos amanhã.
ESTRAGON – E depois de amanhã.
VLADIMIR – Talvez.
ESTRAGON – E por aí fora.



À Espera de Godot, peça escrita em francês em 1948 e representada pela primeira vez em 1952, em Paris.
Em 1956, na sequência do impacto produzido por Godot, Beckett recebe um convite da BBC para escrever uma peça para rádio. Daí resultará All That Fall/Todos os que Caem, escrita em Setembro de 1956, a sua primeira peça radiofónica e a mais extensa de todas as que viria a escrever para a rádio. Foi a primeira peça de Beckett estreada em inglês e a segunda, depois de À espera de Godot, a ter uma apresentação pública, uma vez que foi transmitida pela rádio britânica no dia 13 de Janeiro de 1957.

Beckett, insistia em que o texto não tivesse outra forma de encenação que não a radiodifusão para a qual fora concebido. Afirmava que as personagens só fariam sentido emergindo da escuridão ("coming out from the dark", na citação de Knowlson), isto é, num universo construído mentalmente pelo receptor ao ouvir as vozes e sons, destituídos de imagens concretas... mas a peça tem passado por vários palcos: teve encenação recente do Teatro da Comuna, em Lisboa (23.02.2006 a 01.04.2006).

Cascando, peça radiofónica (1963), na versão do "Theather for yor Mother" (1979)

Abertura - Frank Collison
Voz - Joseph J. Casallini
Música - Lesli Dalaba, Trumpet
Música composta por Wayne B. Horvitz


Em 1964 Beckett realizou o seu único filme, The Film, com a participação de Buster Keaton.


Quad I & II (1982)

Peça para televisão de Samuel Beckett, onde quatro figuras sem rosto correm com precisão de um lado para outro dentro de um quadrado. Coreografias repetidas com mínimas variações, combinadas ad infinitum.
Vale a pena ver ou, como diz Beckett n'O Inominável "that's right, link, link, you never know ..."

04 maio 2006

Aspirina J


Joana Vasconcelos, Sofá Aspirina, 1997