Just at that moment I passed the shop of a watchmaker-optometrist, whose sign had always been a large clock that gave the exact time. Under this clock hung a picture of a pair of giant eyeglasses with staring eyes. On my morning walks I had always smiled to myself at this slightly grotesque detail in the street scene. To my amazement, the hands of the clock had disappeared. The dial was blank, and below it someone had smashed both of the eyes so that they looked like watery, infected sores. Instinctively I pulled out my own watch to check the time, but I found that my old reliable gold timepiece had also lost its hands. I held it to my ear to find out if it was still ticking. Then I heard my heart beat. It was pounding very fast and irregularly. I was overwhelmed by an inexplicable feeling of frenzy. I put my watch away and leaned for a few moments against the wall of a building until the feeling had passed. My heart calmed down and I decided to return home.
(...)MARIANNE: Did you sleep well?
ISAK: Yes, but I dreamed. Can you imagine—the last few months I've had the most peculiar dreams. It's really odd.
MARIANNE: What's odd?
ISAK: It's as if I'm trying to say something to myself which I don't want to hear when I'm awake.
MARIANNE: And what would that be?
ISAK: That I'm dead, although I live.
Ingmar Bergman, Morangos Silvestres, Suécia,1957
19 comentários:
Odd as he say but i like it.
J.
...
é da falta de sol...
sim, é por isso é que os nórdicos são estranhos.
e a sua dramaturgia insustentavelmente pesada. mesmo com morangos silvestres a lembrar jardins púberes (uii, que foleiro!!... mais vale ficarmos-nos pelo cáustico...)
mas até apetece (re)ver o filme...
o que nunca me passou pela vontade!!
e ele aqui tão perto...
não tarda, fazes-me gostar de ibsen, merdinhas, e atiro-me da janela!!!!
(menos um freguês... pensa bem!!)
abraço entrecostal e com ameaça!
Really odd.
(gosto de relógios,
e desse relógio,
desse tempo que nos espreita, e que tudo vê...)
por aqui não se anda a dormir muito
(e portanto sonha-se pouco)
Lembrei-me dos olhos do Dali, sonhados, que tu conheces.
[e mais uma vez o branco...]
'That I'm dead, although I live'
"penso que estamos cegos, Cegos que vêem, Cegos que, vendo, não vêem." (do livro da estranha cegueira branca)
p.s.
Talvez todas as coisas/ideias sejam faces de uma mesma/única ideia.
Se o tempo não existe podemos imaginar que só os sonhos são verdade e que a realidade não passa de um cisco no olhar,
de um ponteiro que se perdeu...
abraço
...histórias, infãncias e amores.
and that's why my heart beat.
Saudações, camarada! Isso vai? Bem?
Abraço peitoral!
Wilde Watch
Z.C
tudo nele é perfeito. distinto. inconfundível.
- did you sleep well?
..........
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às vezes isto não é bem um sonho. é a vida tal e qual ela é.
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did you have a good life before you died? enough to base a movie on? perguntava o morrison.
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quando alguns sentimentos se instalam é sinal que estamos bem vivos!
e imagina que até escreves japonês!
(fististh- o verificador anda deveras estranho indeed)
espelho meu, haverá alguém mais egoísta do que eu?
excelente, o filme!
um abraço, merdinhas
A mim isso assusta-me.
o relógio não pisca nem dorme
revi este filme há pouco tempo. mais uma série deles do bergman. pode parecer despropositado, mas vejo nos filmes do lynch muita influência do bergman, já desde o eraserhead. esta sequência inicial dos "morangos silvestres" é um exemplo disso. aliás o cinema do lynch é uma amalgama de influências que ele sabe gerir muito bem, para isso também é preciso génio, já dizia picasso ;-) beijos
Ó Merdinhas, lá porque os ABBA cantaram o Waterloo em inglês no festival da Eurovisão, não é motivo para transcrever um excerto do "Smultronstället" no idioma de Shakespeare. Ou bem que em sueco, ou bem que na nossa língua. Por nossa, quero dizer também a sua, certamente, como salta à vista no tão mimosamente vernáculo com que decidiu baptizar-se.
...Ah, pois, em português não daria para o trocadilhozito do "(Watch)ing you", algo metido a martelo, diga-se, porque o relógio dominante do excerto não é um watch, mas um clock. "Clocking you" doesn't sound quite that good, does it?
De qualquer modo, cumprimentos por esta lembrança dos "Morangos Silvestres", esse portento entre vários do grande Bergman dos anos cinquenta. O que me lembra que ainda tenho de ver a "Noite de Circo". E para quem não conheça, recomendo vivamente "Um Verão de Amor".
Ena bem. O Buédamundano faz recomendações cinematográficas, para quem não conhece, e deixa notas à margem sobre o inglês e a carpintaria. De qualquer forma, para o "watchmaker-optometrist" do texto, vai o Buédamundano desculpar-me a provinciana mediocridade, a ilustração e o trocadilho não me parecem nada martelados. Mas a carpintaria não é o meu forte.
(A minha verificação de palavras foi "hound"... isto está cada vez melhor)
Ó meu caro BlogProwler, está desculpadíssimo. Perdoar a provinciana mediocridade é uma actividade a que me dedico diariamente, sob pena de encher a minha existência de rancores malsãos.
E nesse perdão incluo a sua deselegante deturpação do meu "nickname".
Não posso, porém, deixar de lhe manifestar a minha perplexidade perante algumas das suas afirmações. Como a das "recomendações cinematográficas, para quem não conhece". Não lhe parece que recomendações para quem já conheça seriam fúteis?
Quanto à alusão central à carpintaria, confesso ter demorado a perceber a que propósito vinha ela. Sim, pois, o martelo... Que julgava eu ter usado figuradamente, inspirado numa expressão em sentido figurado amplamente popular.
Para o concreto, então. Nem só para carpinteirar serve o martelo. Nem só, nem primordialmente. Assim de repente, lembro-me de um uso para o martelo muito anterior a qualquer carpintaria: provocar o trovão, o uso que lhe dava Thor, deus do mesmo.
PS - Hound parece-me adequado para um prowler para quem "isto está cada vez melhor". Antes tinha-lhe saído hyena, não?
Ó caríssimo Boi-qualquer-coisa, não leve a mal a deturpação, mas não tenho por hábito perder tempo com decifrações desnecessárias, do género Código de Pedanti blogosférico. Ficou o meu amigo melindrado e parece que perplexo com as "recomendações cinematográficas, para quem não conhece". Se lesse, o meu amigo, aquilo que escreve (o que seria uma grande maçada, como eu bem sei, uma vez que me dei ao trabalho de o fazer), perceberia que me limitei a (re)utilizar a "futilidade" (vai entre aspas porque é seu, uma vez que à qualidade do que é "fútil" se chama, precisamente, "futilidade") que escolhera verter na língua de Camões (e não na de Shakespeare ou de Stiernhielm ): "E para quem não conheça, recomendo vivamente 'Um Verão de Amor'" (que na de Stiernhielm seria "Sommarlek", um dos portentos, entre vários, do grande Bergman). Sendo "Um Verão de Amor" uma obra cinematográfica, uma vez que a recomenda (e "vivamente"), a sua recomendação poderá caracterizar-se como "cinematográfica": logo, trata-se de uma "recomendação cinematográfica" que teve a bondade de fazer "para quem não conheça", como começava por alertar. Se lhe parecia "fútil" (a mim pareceu-me mais "parvo") e não gosta de futilidades não vejo porque se tortura com semelhantes enunciados. Parece-me masoquista. Que sacuda, depois, a emporcalhada água do seu para o meu capote já me parece pulhice. Ou uma lamentável tontice decorrente de um analfabetismo funcional.
Trolha que é, quer, depois, discutir martelos: como bem reparou e já o confessava eu, não andam por aí as minhas competências técnicas, permita-me, pois, que, quanto a martelos, fiquemos por aqui.
P.S.
Olha: agora saiu-me "naceput" - insinuará alguma coisa sobre o natalício momento e/ou genealogia do amigo Boi? E não se comece já a amofinar você, que isto é "figuradamente (...) em sentido figurado" e nada tem de "concreto, então".
Começo a ter uma vaga sensação de que você, caro BlogProwler, não simpatiza por aí além comigo.
Boi-qualquer-coisa, pedanti blogosférico ou trolha são epítetos que me despertam dúvidas quanto ao carinho com que mos atribui. O mesmo acontece relativamente à emporcalhada água do meu capote e à pulhice que considera ser eu sacudi-la para o seu capote, decerto imaculado.
Mas, enfim, talvez esteja com a mania da perseguição. Porque é também possível discernir um agradável elogio da sua parte, ao referir o meu analfabetismo, sim, mas funcional, apesar de tudo. Elogio que agradeço, mas que me vejo na impossibilidade de retribuir, dada a sua inquestionável disfuncionalidade alfabética.
O que, no entanto, me enche ainda mais de esperança é a críptica ligação que estabelece entre o termo "naceput" e a "genealogia do amigo Boi", isto é, eu. Julgo descobrir aí o seu oculto, mas profundo e fraternal desejo de encontrar o outro filho da sua mãe. Embora, não seja eu, agradeço-lhe na mesma.
Se porventura estiver errado quanto às suas boas intenções, não preciso de lhe dizer que se sinta à vontade para prosseguir na via do insulto fácil, uma vez que, manifestamente, o insulto difícil está para lá das suas capacidades.
O post é todo seu, ó prowler esfomeado. Bom proveito.
Uma vez que o meu amigo Boy-do-mundo é susceptível e nem distingue um insulto fácil de um difícil, não perco tempo a dificultar-lhe a leitura: o que você quer dizer é, tão simplesmente como a Maria, que já disse o que tinha a dizer para não parecer que fugia com o rabinho entre as pernas e agora não diz mais nada e põe-se a andar, com o rabinho, efectivamente, entre as pernas, depois de uma imaginativa intervenção do género quem o diz é quem o é. Pois passe você muito bem, que eu ando por aqui e, se mudar de ideias, encontra-me cá para lhe aumentar a depressão.
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