23 dezembro 2009

11 dezembro 2009

Entre curtas e longas, entre o silêncio e as palavras, parabéns!


Quando eu digo que o cinema não existe, que o que existe é o teatro e que o cinema é um processo de fixação audiovisual do teatro, é porque é aí que ele é rico, que é verdadeiramente distinto do teatro, que é rápido, que é efémero. Se eu digo que o cinema não existe, é da mesma maneira que podia dizer que a vida não existe, que o que existe de facto é o teatro. Porque a vida escapa-se-nos a todo o instante, o momento de agora é já perdido, e portanto o que nos resta da vida é o teatro.

04 dezembro 2009

25 novembro 2009

"Figuras de Sopro"

Mário Cesariny de Vasconcelos, 9 de Agosto de 1923 - 26 de Novembro de 2006

16 novembro 2009

05 novembro 2009

22 outubro 2009

BRRRRAIN

Auto-retrato,
António Olaio, na Culturgest até 23 de Dezembro

19 outubro 2009

A rua é malvada

[...]
Estou-me nas tintas para que me considerem sério ou não. Ainda lhes bebo à saúde. A minha intervenção é gratuita, absolutamente suplementar. A mãe apela outra vez para as suas coxas. Dou um derradeiro parecer. E depois, desço as escadas. No passeio está um cãozito, que coxeia. Segue-me por sua alta recriação. Tudo esta tarde se me agarra. É um pequeno fox, o cão, preto e branco. Está perdido parece-me a mim. Aqueles ingratos daqueles desempregados lá de cima. Nem sequer me acompanham à porta. Tenho a certeza que começaram logo à pancada. Ouço-os a berrar. Ele que lhe meta o tição todo pelo cu a dentro! Para a endireitar àquela porca! Para ela aprender a não me vir incomodar!
Agora viro à esquerda... Para Colombes, em suma. O cãozito continua atrás de mim... A seguir a Asniêres é a Jonction e depois o meu primo. Mas o cãozito coxeia muito. Olha para mim. Chateia-me vê-lo arrastar-se. O melhor é voltar para casa ao fim e ao cabo. Viemos pelo Pont Bineux e depois à beira das fábricas. Ainda não tinha fechado, o dispensário, quando eu voltei... «Vamos lá dar de comer a este rafeiro – disse eu para a Senhora Hortense. Alguém que vá buscar carne... Amanhã de manhã cedo logo se telefona... Hão-de vir buscá-lo de carro, lá da Protectora. Esta noite o melhor é ficar fechado.» Lá fui então, sossegado. Mas era um cão muito assustadiço. Tinha recebido duros golpes. A rua é malvada. Ao abrir a janela, no dia seguinte, nem sequer esperou, saltou logo lá para fora, também nós lhe metíamos medo. Julgou que o tínhamos castigado. Não percebia nada de nada. Confiança já a perdera de todo. Quando é assim é terrível.
[...]

Louis-Ferdinand Céline
Morte a Crédito
tradução de Luiza Neto Jorge
Assírio & Alvim, 1986

15 outubro 2009

Humpty Dumpty


Humpty Dumpty, Frank Brunner,1978


Humpty Dumpty, EB Thurstan,1930

06 outubro 2009

des-APONTAMENTOS



Socialisme, Jean-Luc Godard. Para Janeiro de 2010

27 setembro 2009

10 setembro 2009

01 setembro 2009

30 julho 2009

28 julho 2009

Para Merce (Cunningham)

Fotografia de Mark Seliger


Dancers on a plane, 1980-1, Jasper Johns (1930 - )


Cenografia de Jasper John para o espectáculo de Merce Cunningham, "Walkaround Time" (1968), baseado no "Grande Vidro" de Marcel Duchamp. Fotografia de James Klosty. "So beautiful..."

22 julho 2009

Go to work

Graffiti, Parede

08 julho 2009

30 junho 2009

Pina Bausch



Café Müller - Pina Bausch (Solingen, 27 de julho de 1940 — Wuppertal, 30 de Junho de 2009)
Fotografia: Ulli Weiss.

29 maio 2009

Permuta



Graffiti, Graça, Lisboa

21 maio 2009

O Passado e o Presente




O Passado e o Presente, Manoel de Oliveira,1971

João Bénard da Costa (7 de Fevereiro de 1935 - 21 de Maio de 2009)

27 abril 2009

Morimura

"Yasumasa Morimura - Requiem for the XX Century. Twilight of the Turbulent Gods," Fondazione Bevilacqua La Masa. Venice, Italy. June 8-October 8, 2007.


26 fevereiro 2009

As Cidades e os Olhos

CODEX SERAPHINIANUS, Luigi Serafini (Seraphianus), 1981.

…Chegados a Filias comprazemo-nos a observar quantas pontes diferentes umas das outras atravessam os canais: pontes em arco, cobertas, sobre pilares, de barcas, suspensas, com os parapeitos perfurados; quantas variedades de janelas se vêem sobre as ruas: geminadas, mouriscas, lanceoladas, em ogiva, encimadas por lunetas ou por florões; quantas espécies de pavimentos cobrem o solo: de mosaicos, de lajes, de saibro, de azulejos brancos e azuis. Em cada um dos seus pontos, a cidade surpreende a vista: um cesto de alcaparras a sair da muralha da fortaleza, as estátuas de três rainhas sobre um pedestal, uma cúpula em cebola com três cebolinhas enfiadas na agulha do pináculo. "Bem-aventurado quem tem todos os dias Filias sob os olhos e nunca deixa de ver as coisas que contém", exclamamos com a tristeza de ter de abandonar a cidade depois de havê-la só aflorado com o olhar.

Mas acontece-nos ficarmos em Filias e passarmos lá o resto dos nossos dias. Em breve a cidade empalidece aos nossos olhos, cancelam-se os florões, as estátuas sobre os pedestais, as cúpulas. Tal como todos os habitantes de Filias, seguimos linhas em ziguezague de uma rua para outra, distinguimos zonas de sol e zonas de sombra, aqui uma porta, ali uma escada, um banco onde podemos pousar o cesto, uma cunha onde o pé tropeça se não dermos por ela. Todo o resto da cidade é invisível. Filias é um espaço em que se traçam percursos entre pontos suspensos no vácuo, o caminho mais curto para chegar à loja daquele mercador evitando o portal daquele credor. Os nossos passos percorrem não o que se encontra fora (do alcance) dos olhos mas sim dentro, sepultado e apagado: se entre dois pórticos um continuar a parecer-nos mais alegre é porque é aquele por onde passava há trinta anos uma rapariga de largas mangas bordadas, ou é só porque recebe a luz a uma certa hora como aquele pórtico, que já não nos lembramos onde ficava.
Milhões de olhos erguem-se para as janelas pontes alcaparras e é como se percorressem uma página em branco. Muitas são as cidades como Filias que se subtraem aos olhares se não as apanharmos de surpresa.
Italo Calvino, As Cidades Invisíveis

Sexto dedo

12 fevereiro 2009

Yukoku


Yukio Mishima, O Patriotismo - Ritos de Amor e Morte (a gerência pede desculpa pela interrupção)

"A 28 de Fevereiro de 1936, o terceiro dia depois do incidente de 26 de Fevereiro, o tenente Shunji Takeyama, do Batalhão de Transportes, profundamente perturbado ao saber que os seus colegas mais próximos eram coniventes com os amotinados, e indignado ante a iminente perspectiva do ataque das tropas imperiais, tomou a sua espada de oficial e, cerimoniosamente, esventrou as suas entranhas no quarto de oito tatamis da sua residência privada, a Residência Yotsuya, na sexta rua de Aoba-Cho, no Distrito de Iotsuya. Seguiu-se-lhe Reiko, a sua mulher, que se matou apunhalando-se".

Yukio Mishima, O Patriotismo - Ritos de Amor e Morte

03 fevereiro 2009

02 fevereiro 2009

Two Heads

"Two Heads", Helena Nogueira da Silva

Duas cabeças na carpete, sem dúvida acrílica, do escritório do general, colocadas uma ao lado da outra, como quilhas, quase roçando entre si. Duas cabeças, bolas inertes, dois cérebros que o sangue já não irriga, dois ordenadores interrompidos na sua tarefa, que já não filtram nem descodificam o perpétuo fluxo das imagens, de impressões, estímulos e respostas que aos milhões nos atravessam todos os dias, formando no seu conjunto aquilo a que chamamos a vida do espírito e mesmo a dos sentidos e motivando e dirigindo os movimentos do resto do corpo. Duas cabeças decapitadas, partindo para um mundo diferente onde vigoram outras leis e que, ao serem contempladas, produzem mais estupefacção do que horror. Os juízos de valor, morais, políticos, ou estéticos, ficam, na sua presença, momentaneamente suspensos. A noção que se impõe é mais desconcertante e simples: entre as miríades de coisas que existem e que existiram, estas duas cabeças existiram; existem. O que enche agora esses olhos que já não vêem, não é a bandeira desfraldada dos protestos políticos, nem nenhuma outra imagem intelectual ou carnal, nem sequer o vazio que Honda contemplara e que parece agora um conceito ou um símbolo, apesar de tudo demasiado humano. Dois objectos, restos quase inorgânicos de estruturas destruídas e que depois de passarem pelo fogo serão apenas minerais e cinzas. Não são, sequer temas possíveis de meditação, pois faltam-nos os dados para podermos meditar sobre eles.
Dois destroços arrastados pelo Rio da Acção, que uma vaga imensa deixou por um instante a seco sobre o areal, antes de os voltar a levar consigo.
Marguerite Yourcenar, Mishima ou a Visão do Vazio

27 janeiro 2009

Suna no Onna







LA FEMME DES SABLES (A Mulher de Areia),Hiroshi Teshigahara,1964

25 janeiro 2009







LA FEMME DES SABLES (A Mulher de Areia), Hiroshi Teshigahara, 1964

23 janeiro 2009

Elipse


Pierre Huyghe, l'Ellipse

L’Ellipse consiste num écrã panorâmico formado por três projecções vídeo colocadas lado a lado, as quais deverão ser lidas, sucessivamente, da esquerda para a direita. Os ecrãs laterais mostram, alternadamente, duas sequências que se sucedem no filme O Amigo Americano, de Wim Wenders, filmado em 1977 (…)
Entre estas duas sequências, o écrã central mostra uma sequência que liga as duas outras.
Esta nova sequência foi filmada vinte e um anos depois com o mesmo actor e nos mesmos locais da ficção, adoptando o tempo e o espaço sugeridos pela elipse existente no filme original.
(…)

19 janeiro 2009