27 janeiro 2006

Marcel Broodthaers

Marcel Broodthaers, Um lance de dados jamais abolirá o acaso, 1969


A FOTOGRAFIA (1ª)
Esta roda preta retirada de um muro ofuscante, onde fuma
um archeiro não pertence a ninguém senão à minha própria sombra.
Não existem castelos, aqui.
Mas é evidente que já existiram neste sítio.
a luz está perfurada.

O NEGATIVO
Não existe castelo, aqui, apenas um muro ofuscante no sítio
em que a luz está perfurada, esta roda preta onde fuma um archeiro.
Aqui, mais escuridão que claridade.

A FOTOGRAFIA (2ª)
Esta roda negra onde fuma um archeiro não pertence
a ninguém senão à minha sombra.
Não existem castelos aqui apenas um muro ofuscante,
é evidente que existiram destinados
a este sítio onde a luz está perfurada.

O NEGATIVO
Não existem castelos aqui apenas um muro ofuscante
destinado ao sítio onde a luz está perfurada, esta
roda negra onde fuma um archeiro.

E mais escuridão que claridade.



Jean Coignon Com Arco e Seta, 1960


(Faz hoje 250 anos que Mozart
nasceu. )

11 comentários:

Anónimo disse...

Merdinhas: estás muito à frente para aqui a rapaziada do bairro
Bj. C

Anónimo disse...

Eu vi a exposição e gosto. Muito
Z.C

Anónimo disse...

"Um pouco pretensioso" - diz o rapaz cujos "Interests" são "encontrar a explicação última". Cá para mim, não há só uma explicação - e nenhuma é a última... E gosto de pensar que o Broodthaers não só não era pretensioso como gostava de muitas, variadas e variáveis explicações.

BlogProwler

marco disse...

e ainda é vivo??

merdinhas disse...

Não, não é vivo. Nasceu em Bruxelas em 1924 e morreu em Colónia em 1976.

Madame Pirulitos disse...

Baralhando e dando as mesmas cartas por ordem diferente. Muito interessante. Hei-de pensar nisto para um post.

A Minha Sombra disse...

Gracias pela visita :)

Anónimo disse...

Baudelaire, Mallarmé, Duchamp e Magritte. Depois deles Broodthaers.
Surpreende sempre, como me surpreendeu a sua exposição.

Naked Lunch disse...

vou desmoer a coisa...

Anónimo disse...

.
"o que é pode não ser e vice-versa" é um conceito que muito me agrada.
.
há alguns trabalhos dele na colecção permanente da fundação serralves.
.

Anónimo disse...

Gosto de pensar como o prowler. Eu vi a exposição que o ilustra bem.