30 março 2006

Ernest Pignon Ernest


I work on cities, on what they hide, their past, the souvenirs haunting them.





"Rimbaud voyageur" Serigrafia do pintor Ernest Pignon Ernest

"Esta imagem do poeta que eu colei sobre os muros de paris tem uma longa história..."





Sensation

On the blue summer evenings, I shall go down the paths,
Getting pricked by the corn, crushing the short grass :
In a dream I shall feel its coolness on my feet.
I shall let the wind bathe my bare head.

I shall not speak, I shall think about nothing :
But endless love will mount in my soul ;
And I shall travel far, very far, like a gipsy,
Through the countryside - as happy as if I were with a woman.

Março, 1870
Traduzido por Oliver Bernard : Arthur Rimbaud, Collected Poems (1962)

29 março 2006

Livro à Quarta: Iluminações, Uma Cerveja no Inferno



DEMOCRACIA

A bandeira reflecte a paisagem imunda e a nossa gíria abafa
o som do tambor.
Nos centros alimentamos a mais cínica prostituição. Massacraremos
as revoltas lógicas.
Às terras aromáticas e dóceis! - ao serviço das mais monstruosas
explorações industriais ou militares.
Até mais ver!, não importa onde. Recrutas do próprio querer,
teremos a filosofia feroz; inaptos para a ciência, esgotados para o confôrto; e que os outros rebentem, Este é o caminho. Em frente, marcha!


Jean-Arthur Rimbaud, tradução de Mário Cesariny

Je ne puis vous donner un adresse(...) car j'ignore personnellement où je me serait trouvé entraîné prochainement, et par quelles routes, et pour quoi, et comment! A suivre...

28 março 2006

25 março 2006

Dia anterior




No "set" de Dr. Strangelove, 1963

24 março 2006

23 março 2006

Agoraventania






Filme à Quinta: Morangos Silvestres (Ingmar Bergman, Suécia, 1957)



Fazer filmes é mergulhar até as mais profundas raízes, até o mundo da infância.
Bergman

The cinema is not a craft. It is an art. It does not mean team-work. One is always alone; on the set as before the blank page. And for Bergman, to be alone means to ask questions. And to make films means to answer them. Nothing could be more classically romantic.
Jean-Luc Godard, "Bergmanorama,"
Cahiers du cinéma (July 1958)

22 março 2006

Livro à Quarta: Três contos




Gustave Flaubert (1821-1880)

Os Três contos são "Um coração simples", "A lenda de São Julião Hospitaleiro" e "Herodíade" .
Nesta edição da Teorema há um quarto conto, "A Lenda de S. Julião Hospitaleiro" de Marcel Schwob (1867-1905).

Durante quase meio século, os burgueses de Pont-l’Evêque invejaram a Mme Aubin a sua criada Félicité...

Como as outras, teve a sua história de amor. O pai, pedreiro, matou-se ao cair de um andaime. Depois, morreu a mãe, as irmãs dispersaram-se, um lavrador recebeu-a e empregou-a, de pequena, a guardar as vacas no campo. Tiritava, esfarrapada, bebia de borco a água dos charcos, batiam-lhe por tudo e por nada e acabou por ser corrida, pelo roubo de trinta soldos que não tinha tirado. Foi para outra quinta, tomar conta das capoeiras e, como agradasse aos patrões, as companheiras tinham-lhe inveja.
Por uma noite de Agosto (tinha ela dezoito anos), levaram-na à festa a Colleville...


Chamava-se Loulou. O corpo era verde, as pontas das asas cor-de-rosa, a cabeça azul e o pescoço dourado.
Mas tinha a fatigante mania de morder o poleiro, arrancava penas, espalhava o esterco e chapinhava a água de se banhar; Mme Aubin, a quem ele incomodava, deu-o definitivamente à criada...
(Uns anos antes, Flaubert tinha trava do cnhecimento com um papagaio verdadeiro....consultou livros de história natural e conseguiu que o museu da especialidade de Rouen lhe emprestasse uma dessas aves embalsamada, mencionada por diversas vezes na sua correspondência...)

Extractos de "Um Coração Simples"

21 março 2006

Música à Terça: Missing Syd Barrett


Os Pink Floyd apareceram em 1965 e gravaram em 1967 o seu primeiro álbum, The Piper At The Gates of Dawn,


um histórico do rock psicadélico, em que o primeiro vocalista da banda, Syd Barrett, teve um papel determinante como vocalista, guitarrista e compositor. Este primeiro disco teria influenciado Sgt. Pepper's, dos Beatles e vice-versa. Ambos foram gravados na mesma altura e no mesmo estúdio. Reza a lenda que Barret e John Lennon foram vistos várias vezes a conversar e a trocar ideias.

Na altura da edição do segundo disco, A Saucerful Of Secrets de 1968, Barrett é substituído por David Gilmour, e Roger Waters passa a definir a direcção da banda.
Roger Keith Barrett ou Syd Barrett o fundador do Pink Floyd ou, por fim Madcap, retirava-se.

Uma letra de Madcap Laughs (1969) anunciava ...
Feel
You feel me
away far too empty, oh so alone!
I want to go home
Oh find me inside of a nocturne - the blonde
how I love you to be by my side
they wail...
the crowd on her side
she straggled the bridge by the water...



Ainda um disco Barrett, o segundo disco. Já não havia volta, Madcap viveria em assim em reclusão desde o início dos anos 70 até 1988.

No disco Dark Side of the Moon de 1973 há uma música, Brain Damage, que teria sido composta especialmente em sua homenagem, tal como o seria, em 1975, Wish You Were Here.

Brain Damage
The lunatic is on the grass.
The lunatic is on the grass.
Remembering games and daisy chains and laughs.
Got to keep the loonies on the path.

The lunatic is in the hall.
The lunatics are in my hall.
The paper holds their folded faces to the floor
And every day the paper boy brings more...


E por ocasião do 60º aniversário de Syd Barret, dia 6 de Janeiro de 2006, Dave Gilmour veio pagar o tributo ao homem que substituiu em 1968.

Barrett has lived as a virtual recluse after leaving the group in 1968, but Gilmour insists his gifted contribution to the band will never be forgotten.

He says, "We sat down with him after listening to all his songs and said, 'Syd, play this one. Syd, play that one.'

"Or you could try and dub everything else on top. He'd change the song every time."


New Barrett Article from The Independent.

17 março 2006

Parabéns Camilo





Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco, escritor e romancista do Romantismo português.



Nasceu em Lisboa a 16 de Março de 1825, na freguesia dos Mártires, num prédio da Rua da Rosa, actualmente com os nºos 5 a 13 e suicidou-se a 1 de Junho de 1890, na freguesia de Ceide, Vila Nova de Famalicão.

“Dizia um filósofo humanitário a certo povo infeliz: ‘Sede melhores, e vós sereis mais felizes’. E o povo respondeu ao filósofo humanitário: ‘Fazei-nos mais felizes, e nós seremos melhores” [C.C.B., in A Verdade, 1856]

“Que me importa a mim o futuro? Caído por este desfiladeiro da vida , com os olhos fitos lá em baixo na terá negra do túmulo, - que tenho eu contigo, futuro? (…)

Eu sou do passado: ficou-me lá o espírito; amo o tempo que foi: vivi então mil séculos num instante – amarguei-os, mas que importa?” [C.C.B., in O Nacional, 1948]

“É inegável que somos europeus, e até podemos avançar que se fala de nós lá fora como um povo civilizado (…) Caminhamos airosamente na via láctea do progresso, porque as estradas cá em baixo o mais que podem é pôr-nos em contacto com o progresso dos antípodas por meio dos abismos insondáveis que o macadame aperfeiçoou (…)

Temos tudo quanto podem ambicionar os netos daqueles que civilizaram mundos novos. Só nos falta – diga-se a verdade sem presunção – falta-nos uma pequena coisa, que faça os homens bons: falta-nos a virtude e a moral; falta-nos o respeito à lei, e a lei que deva respeitar-se; falta-nos esse quasi nada que faz dum povo de traficantes e de corruptos uma sociedade de irmãos e amigos “ [C.C.B., in O Portuense, 1853]
Excertos camilianos tirados daqui.

16 março 2006

Filme à Quinta: Blow-Up (Michelangelo Antonioni, R.U./Itália, 1966)


Blow-up, a história de um fotógrafo.
"Thomas, ... nada viu, apesar de ter assistido a tudo. As ampliações das fotografias inocentes que tirou dum casal a namorar num parque revelam um assassínio em curso. Ou não?" (texto da contra-capa do DVD)

A fotografia é isso mesmo. Tornar o invisível visível. Guardar um pedaço de tempo.


O teaser trailer

15 março 2006

Livro à Quarta: O Arranca Corações


«Como me sinto inquieta», pensou Clementina, debruçada à janela.
O jardim doirava-se ao sol.
Não sei onde eles estão, o Noël, o Joël ou o Citroën. Podem, entretanto, ter caído ao poço, ou comido alguns frutos envenenados, ou apanhado com alguma seta num olho, se algum outro miúdo anda a brincar no meio da estrada com um arco, ou podem ter sido contaminados pela tuberculose, se algum bacilo de Koch se meteu de permeio, ou terem perdido os sentidos, se cheiraram alguma flor de perfume muito intenso, ou terem sido picados por um escorpião trazido pelo avô de algum garoto da aldeia, algum célebre explorador que tenha chegado há pouco da terra dos escorpiões, ou terem caído de uma árvore abaixo, ou corrido, depressa demais e partido uma perna, ou brincado com a água e afogado, ou descido a falésia e estampado e quebrado a espinha, ou arranhado nalgum arame ferrugento e apanhado o tétano; foram até ao fundo do jardim e viraram uma pedra, debaixo da qual havia uma pequena larva amarela que vai desenvolver-se num abrir e fechar de olhos, e voar em direcção à aldeia, e introduzir-se no estábulo de um touro bravo e picá-lo no focinho; o touro sai do estábulo, deita tudo abaixo, e ei-lo que mete pernas ao caminho, em direcção a esta casa, vem de lá como doido, deixa tufos de pêlo negro em cada curva, presos às moitas de uva-espim; e, mesmo em frente de casa, lança-se de cabeça baixa contra uma pesada carroça puxada por um cavalicoque meio cego. Com o choque, a carroça desmantela-se e um pedaço de metal é projectado no ar a uma altura incrível; possivelmente um parafuso, uma cavilha, uma porca, um prego,
um ferro do varal, um gancho de ligação, um rebite das rodas, que foram carpinteiradas e depois quebradas, e reparadas mediante cinchos de freixo talhados à mão, e esse pedaço de ferro sobe, silvando, em direcção ao azul do céu. Passa por cima do gradeamento do jardim, e oh meu Deus, vai cair, vai cair e, na queda, aflora a asa de uma formiga voadora, arrancando-lha, e a formiga, mal dirigida, perdida a estabilidade, vagueia por sobre as árvores como uma formiga que já não presta, e tomba, de repente, sobre a relva onde, Deus meu, está o Joël, o Noël e o Citroën, a formiga cai em cima da bochecha do Citroën e, deparando, possivelmente, com uns restos de doce, pica-o...
— Citroën! Onde estás tu?
Clementina precipitara-se para fora do quarto e gritava, fora de si, enquanto descia as escadas a galope. No vestíbulo, esbarrou com a criada.
—Onde ó que eles estão? Onde estão os meus filhos?
—Estão a dormir — respondeu a outra, com ar de espanto. — É a hora da sesta.
Pois é, ainda não foi desta; mas era perfeitamente plausível. Voltou para o quarto. Com o coração aos pulos. Não há dúvida de que é um perigo deixá-los ir sozinhos para o jardim.
Boris Vian, O Arranca Corações
Tradução de Luiza Neto Jorge, Editorial Estampa

Boris Vian, escritor, compositor, trompetista, cronista de jazz, cenógrafo, actor de cinema.

Je serai content quant on dira / au téléphone / ... / V comme Vian... // J’ai de la veine que mon nom ne commence pas par un Q / Parce que Q comme Vian, ça me vexerait


14 março 2006

Música à Terça: The Cecil Taylor Unit/Roswell Rudd Sextet Mixed



Taylor: Perhaps before we go any further, we better define what jazz is.

Overton: No, I’m not going to get into that…

[Laughter]

Taylor: Why not? Why not? How can we talk about the future of something that we can’t even define? What are we talking about?

Overton: Let me define jazz community. You have to be able to play jazz with someone else. Well if you have four people, that’s a community. If you have three…

Taylor: Well, Haydn played with somebody too. Was he playing jazz?

Overton: No, he played by himself.

Taylor: No, no, no – his chamber work, you know, and his symphony, you know. People played together, does that mean it’s jazz because they played together?

Overton: The idea of a jazz community is that jazz is really based on more than one person playing together, and you have to be able to say, and you have to be able to agree musically.

Taylor: Well what is this thing you’re calling jazz? That’s what I want to know first and now let’s get that that [sic] before we start talking about…

Overton: I think that would be stupid to get into. We could spend all day – you have your ideas, I have mine…

in THE SHAPE OF JAZZ TO COME

10 março 2006

Burgas





Ghajar serie's
, Present in the Past
Shadafarin Ghadirian, a fotografia e as mulheres no Irão.

SG - My final project was on women's portraits during the Qajar period [late 18th to early 20th century]. I had spent a lot of time working at the city museum for photography, and I became interested in the history. I became familiar with the techniques of the Qajar period, and I've printed a number of the pictures unto paper. It's a period and a style that I've come to know well.

For the project, I had everything reconstructed, I had a friend who was a painter prepare the backdrop, I borrowed the dresses and made some myself, and so on. I also had the models reenact the poses that you see in the Qajar pictures - back then, photography was still very unusual and intimidating, and I tried to reconstruct the stance that the models would take, which was very different to that of contemporary models.

Until that time, portraits had been forbidden on religious grounds, even paintings. So the impact of photography, once it arrived in Iran, was enormous, it was something radically new - noone had ever seen a portrait before.


A entrevista aqui




Like Everyday s After marriage it was natural that vacuum cleaners and pots and pans found their way into my photographs; a woman with a different look; a woman who, no matter in what part of the world she is living, still has these kinds of apprehensions. At this moment a woman is consigned to a daily repetitive routine. For this reason I named the series Like Every Day. - Shadi Ghadirian.


Hussein Chalayan


Alicia Framis's

09 março 2006

Filme à Quinta: 1984 (Michael Radford, R.U., 1984)



When I shot 1984, based on George Orwell’s book, I had to shoot a big scene at Alexander Palace in North London. We used 2000 extras, five cameras, cranes, dollys, etc...I thought “this is it!” Now I realise it isn’t. The more mediocre you are as a director, the bigger spectacle films you make.

Entrevista
com Michael Radford

Você está a pensar que minha cara é velha e cansada... e enquanto eu falo de poder, sou incapaz de impedir a deterioração de meu próprio corpo

We shall meet in the place where there is no darkness...

Pode ver o trailer aqui

08 março 2006

Livro à Quarta: A Sangue Frio


Truman Capote

A história da morte da família Clutter, em Holcomb, Kansas, e dos autores da chacina. Capote decidiu escrever sobre o assunto depois ler no jornal a notícia do assassinato da família, em 1959. Quase seis anos depois, em 1965, a história foi publicada em quatro partes na revista "The New Yorker". Além de narrar o extermínio de uma típica família americana dos anos 50, o livro reconstitui a trajectória dos assassinos.

"I didn't want to harm the man. I thought he was a very nice gentleman. Soft-spoken. I thought so right up to the moment I cut his throat."
Perry Smith

I truthfully feel none of us have anyone to blame for whatever we have done with our own personal lives. It has been proven that at the age of 7 most of us have reached the age of reason -- which means we do, at this age, understand & know the difference between right & wrong. Of course -- environment plays an awfully important part in our lives such as the Convent in mine & in my case I am grateful for that influence. In Jimmy's case -- he was the strongest of us all. I remember how he worked & went to school when there was no one to tell him & it was his own WILL to make something of himself. We will never know the reasons for what eventually happened, why he did what he did, but I still hurt thinking of it. It was such a waste. But we have very little control over our human weaknesses, & this applies also to Fern & hundreds of thousands of other people including ourselves -- for we all have weaknesses. In your case -- I don't know what your weakness is but I do feel -- IT IS NO SHAME TO HAVE A DIRTY FACE -- THE SHAME COMES WHEN YOU KEEP IT DIRTY.

In Cold Blood

06 março 2006

Anda na boca de toda a gente


"Este vai ser um verdadeiro "Momento Mágico", iremos recuperar a publicidade e as músicas que se ouviam nos anos 70, 80 e na primeira metade da década de 90.

Recordar os spots televisivos e radiofónicos."