ESTRAGON – [...] Vamos embora.
VLADIMIR – Não podemos.
ESTRAGON – Porquê?
VLADIMIR – Estamos à espera do Godot.
ESTRAGON – (Sem esperança) Ah, pois é. (Pausa) Tens a certeza que era aqui?
VLADIMIR – O quê?
ESTRAGON – Que tínhamos de esperar?
VLADIMIR – Ele disse ao pé da árvore. (Olham para a árvore.) Estás a ver outra?
ESTRAGON – Que árvore é que é?
VLADIMIR – Não sei. Um salgueiro chorão. [...]
ESTRAGON – Ele já cá devia estar.
VLADIMIR – Ele não deu a certeza que vinha.
ESTRAGON – E se não vier?
VLADIMIR – Voltamos amanhã.
ESTRAGON – E depois de amanhã.
VLADIMIR – Talvez.
ESTRAGON – E por aí fora.
À Espera de Godot, peça escrita em francês em 1948 e representada pela primeira vez em 1952, em Paris.
Em 1956, na sequência do impacto produzido por Godot, Beckett recebe um convite da BBC para escrever uma peça para rádio. Daí resultará
All That Fall/Todos os que Caem, escrita em Setembro de 1956, a sua primeira peça radiofónica e a mais extensa de todas as que viria a escrever para a rádio. Foi a primeira peça de Beckett estreada em inglês e a segunda, depois de
À espera de Godot, a ter uma apresentação pública, uma vez que foi transmitida pela rádio britânica no dia 13 de Janeiro de 1957.
Beckett, insistia em que o texto não tivesse outra forma de encenação que não a radiodifusão para a qual fora concebido. Afirmava que as personagens só fariam sentido emergindo da escuridão ("coming out from the dark", na citação de
Knowlson), isto é, num universo construído mentalmente pelo receptor ao ouvir as vozes e sons, destituídos de imagens concretas... mas a peça tem passado por vários palcos: teve encenação recente do Teatro da Comuna, em Lisboa (23.02.2006 a 01.04.2006).
Cascando, peça radiofónica (1963), na versão do "Theather for yor Mother" (1979)
Abertura - Frank Collison
Voz - Joseph J. Casallini
Música - Lesli Dalaba, Trumpet
Música composta por Wayne B. Horvitz
Em 1964 Beckett realizou o seu único filme,
The Film, com a participação de Buster Keaton.
Quad I & II (1982)
Peça para televisão de Samuel Beckett, onde quatro figuras sem rosto correm com precisão de um lado para outro dentro de um quadrado. Coreografias repetidas com mínimas variações, combinadas ad infinitum.
Vale a pena
ver ou, como diz Beckett n'
O Inominável "that's right,
link,
link, you never know ..."